top of page

A complexidade na segurança

  • Foto do escritor: Eduardo Machado Homem
    Eduardo Machado Homem
  • 4 de jun.
  • 3 min de leitura
Ima de neve ao fundo, com foto de Eduardo e os dizeres "Complexidade, como se desenvolver para perceber".

Quantos tons de branco você consegue ver no ambiente de neve da foto?


Se você acompanha os textos que eu escrevo já deve ter percebido que eu tenho o costume, ou o viés de pensamento, de questionar criticamente tudo aquilo que nos é colocado como novo ou original. Isso acontece porque eu não acredito que seja tão fácil fazer algo original ou novo nos tempos atuais, ou seja, quando você pensar ou ter uma ideia que julga ser totalmente nova, use uma ferramenta de busca na internet. É muito provável que, no século XX, alguém já tenha pensado naquilo que você pensou e de uma forma mais estruturada.


O conceito da complexidade no mundo atual também entra no rol de coisas que não são novas. E eu não estou falando da teoria da evolução de Charles Darwin ou da Teoria dos Sistemas do austríaco Ludwig ou da Teoria do Caos do meu homônimo americano Edward.


A complexidade faz parte da concepção da natureza e, portanto, do humano. Ela sempre esteve entre nós, guiando nossa vida. O que importa agora é que hoje nós conseguimos percebê-la e identificá-la. Nunca poderemos controlá-la, apenas poderemos contingenciar seus efeitos em função de sabermos que a complexidade faz parte da equação.


Por que a complexidade se tornou “visível” para nós atualmente?


Pense em um mundo analógico, anterior a década de 1990. Você ia a uma loja de tênis para escolher um novo modelo. A sua limitação de possibilidades era dada pelo tamanho da vitrine, ou seja, sua possibilidade escolher uma marca, modelo e cor estava atrelada à quantidades de tênis que cabia no espaço físico de uma vitrine. Assim era no mundo analógico: as possibilidades que você podia perceber estavam limitadas ao mundo físico e na sua interação com este mundo através dos seus 5 sentidos. Hoje, suas possibilidades são infinitas. Se decidir comprar um tênis novo, é provável que você consultará o universo das lojas virtuais acessíveis pelo seu celular ou computador. Quando acessar o conteúdo da loja virtual, haverá um feed infinito de cores, modelos, marcas e preços. A decisão puramente racional fica praticamente impossível, até que você se cansa de procurar e pensa: vai esse mesmo!


Dentro deste conceito de complexidade na segurança, as possibilidades de situações possíveis em um processo industrial são iguais ou maiores do que o número de tênis existentes em uma loja virtual. Aquelas relações entre as variáveis de processo que antes você não conhecia, ignorava ou nem imagina que eram possíveis, hoje se mostram presentes por causa do universo digital que se abriu na sua frente.


Uma maior demanda de produção gerada por maior demanda de consumo gerou um nível de produtividade e eficiência nunca antes imaginado e impossível em um mundo analógico. O mundo digital que, por ironia, tem a linguagem binária na sua essência, possibilita a identificação da complexidade pelos nossos sentidos.


De tudo isso, o que importa é o seguinte: é improvável que você consiga controlar plenamente a complexidade das infinitas possibilidades de um processo produtivo. Você pode, apenas, contingenciar através de modelos ou estratégias específicas aquelas que você conseguir identificar ou, raramente, prever.


Então, quais são nossas alternativas?


No campo tecnológico, o uso da inteligência artificial e a disseminação dos chips quânticos podem ser ferramentas muito interessantes para lidar com a complexidade. Mas vamos ter que esperar um pouco para ver como essas inovações farão parte da nossa vida.


Nosso campo de atuação acaba sendo dedicado ao mundo da gestão e colaboração coletiva. A visão sistêmica dos processos e relacionamentos, ferramentas de gestão que nos ajudam a lidar com propostas de soluções rápidas, a capacidade de ser resiliente em um mundo de mudanças constantes, o uso de equipes multidisciplinares, o acolhimento da diversidade de opiniões e diferentes visões da realidade, o desenvolvimento de pessoas e o aprendizado organizacional e o fortalecimento da ética pública e corporativa. Enfim, são todas iniciativas, conceitos ou ações que já fazem parte da realidade das empresas.


Mas o que mais importa é sua capacidade de interpretar a complexidade.

Se você fosse um esquimó, você seria capaz de andar pela neve e perceber mais de 100 tons diferentes de branco. Como você, assim como eu, não é um esquimó, você deve perceber apenas o branco e, no máximo, dois ou três tons de branco. Não mais do que isso.


Pois então, dependendo do ambiente em que você foi criado, vive e trabalha, sua capacidade de perceber as complexidades pode ser maior ou menor. Além disso, a extensão da sua biblioteca interna será diretamente proporcional à esta capacidade.


Portanto, não se prenda a apenas um livro, um autor ou um conceito. Amplie o espectro de compreensão da realidade que você vive para ser capaz de perceber a complexidade.

 
 
 

Comments

Rated 0 out of 5 stars.
No ratings yet

Add a rating
bottom of page