Senso de Dono: Via de Mão Dupla.
- Eduardo Machado Homem
- há 57 minutos
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Se um dia você tiver um empregado, você desejará que ele cuide da sua empresa como se fosse dele. Como se os prejuízos e lucros advindos da empresa fossem dele.
Se você já mandou alguém lavar seu carro, você desejou que essa pessoa cuidasse do seu carro como se fosse dela, mesmo que, obviamente, não seja.
Se você já deixou seu filho ou sua filha com uma babá, numa creche ou na escolinha, você desejou que as pessoas cuidassem dele ou dela com o mesmo esmero que você.
Pois então, isso é o senso de dono. Tem coisas que a gente precisa experimentar para saber o que é, ao invés de ficar oferecendo 7 dicas de como ter sentimento de dono ou as 10 características de uma pessoa que tem sentimento de dono e assim por diante.
E se você foi capaz de entender através de uma vivência rotineira da sua vida o que significa ter sentimento de dono, sua equipe também é capaz de entender.
Agora, comportar-se como tal, é outra coisa bem diferente. Para isso é preciso se importar verdadeiramente, entender que se trata de uma via de mão dupla e que nada melhor do que o exemplo para transmitir esse senso de importância.
Nenhuma organização é proprietária da vida ou da saúde integral de seus colaboradores e é justamente por isso que ela não deve e nem poderia usufruir indiscriminadamente da vida e da saúde de seus colaboradores em prol dos próprios objetivos. Organizações e, portanto, seus líderes deveriam se importar com a segurança e integridade dos colaboradores como se importam com a própria sustentabilidade de seus negócios, de sua lucratividade, com a própria vida e com a vida daqueles que ama.
Considerando isso, é razoável prever que cada organização e cada líder deveria zelar por aquilo que não lhe pertence, pois é isso que ensinamos para nossos filhos e filhas e é exatamente isso que a organização ou líder pede a cada colaborador: sentimento de dono, cuidar dos bens, processos e objetivos como se lhes pertencessem.
Como pedir algo que você mesmo pode não oferecer se lhe for pedido. Entendeu a dificuldade? Como pode o pedido da organização pelo sentimento de dono aos seus colaboradores ser genuíno quando ela e seus próprios líderes falham nisso?
Se você, como líder, precisa explicar para seu liderado que você se importa com a segurança dele e precisa explicar como você faz isso, sinto muito. Na verdade, você não faz nada disso.
Esse sentimento de dono genuíno não precisa e não tem como ser explicado, deve ser vivido e percebido. Não requer explicação.
Por isso, tão importante quanto a liderança pelo exemplo é a liderança percebida e vivida.
Líder, se você não é o principal liberador das atividades da sua área, você não é o exemplo em segurança e esta vivência não está sendo percebida como tal.
Líder, se você não planeja antecipadamente a liberação das equipes para o treinamento porque a produção não permite, você não é o exemplo em segurança e esta vivência não está sendo percebida como tal.
Líder, se sua equipe não costuma reportar riscos e condições inseguras e se quando reporta você não resolve, então você não é o exemplo em segurança e esta vivência não está sendo percebida como tal.
Estes são apenas três exemplos. Se você se reconheceu em um deles, não precisa alardear isso pela empresa. Basta fazer o contrário do que faz.
Senso de dono é uma via de mão dupla. Cuide do meu que eu cuido do seu. E em uma época em que saúde mental se tornou um ícone de como organizações falharam no cuidado com as suas pessoas, fica muito complexo falar de senso de dono.
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