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Quando a prevenção se torna punição e vingança.

  • Foto do escritor: Eduardo Machado Homem
    Eduardo Machado Homem
  • 18 de ago.
  • 2 min de leitura

Logo da Do Safety com provocação sobre segurança se tornar punição e vingança.

No dinâmico e desafiador universo do mundo do trabalho e da segurança do trabalho, a maneira como uma organização responde e lida com falhas, incidentes e acidentes, é um reflexo direto de sua cultura interna e de seus valores. É de suma importância, portanto, compreender e internalizar a distinção crucial entre punição e vingança.


Enquanto a punição acontece para infligir uma penalidade àquele que foi julgado pelo seu ato, visando um hipotético propósito educativo – a correção de um comportamento de risco, o aprendizado para evitar futuras ocorrências e a promoção da melhoria contínua dos processos –, a vingança é realizada em função da satisfação de quem pune, um ato desprovido de um objetivo construtivo ou de desenvolvimento.


Para edificar uma cultura de segurança que seja verdadeiramente eficaz, resiliente, adaptativa e, sobretudo, duradoura, o foco inegociável deve estar, sempre, na prevenção proativa, na educação e no desenvolvimento contínuo dos colaboradores, e não na mera aplicação de sanções como um fim em si mesmo.


Quando a prevenção se torna punição e vingança percebemos a linha tênue e frágil que as separa.


Quando a punição se torna o principal instrumento de gestão da segurança, desprovida de um propósito educativo ou de uma análise sistêmica aprofundada das causas-raiz dos problemas, ela inevitavelmente gera um clima organizacional de medo, ressentimento, desconfiança e, paradoxalmente, pode levar os indivíduos a ocultarem erros e "quase-acidentes" em vez de reportá-los para que sejam investigados, compreendidos e corrigidos.

Essa cultura do medo e do ocultamento não apenas impede a identificação de falhas sistêmicas, a correção de processos inadequados e a implementação de melhorias cruciais, mas também perpetua um ciclo vicioso de riscos não resolvidos.


Tudo aquilo que se faz por força da necessidade costuma ter um sabor amargo, ou seja, se a segurança for percebida primariamente como um fardo, imposto pelo receio de sanções ou represálias, sua adesão será superficial e insustentável a longo prazo.


Por outro lado, empresas que prosperam em segurança são aquelas que adotam uma abordagem humanizada. Elas investem substancialmente em treinamentos de alta qualidade e relevância, em programas de melhoria contínua de processos que envolvem a todos, na análise aprofundada de quase-acidentes (que são oportunidades de aprendizado valiosíssimas para evitar acidentes reais) e, crucialmente, no reconhecimento e valorização das boas práticas e comportamentos seguros. Ao promover um ambiente onde a segurança é intrinsecamente percebida como um valor inegociável, um investimento direto no bem-estar de todos os envolvidos, e não como uma imposição ou um custo a ser minimizado, criamos uma cultura onde a segurança importa, com convicção e engajamento.


Essa adesão genuína, baseada na confiança e no propósito compartilhado, gera resultados muito mais consistentes e sustentáveis em termos de redução de acidentes, aumento da produtividade, melhoria da qualidade do trabalho e, fundamentalmente, na construção de um ambiente de trabalho mais humano, respeitoso, colaborativo e produtivo.


É a transição da reatividade para a proatividade, da imposição para o engajamento.

 
 
 

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