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Quando a forma é exagerada, falta-lhe conteúdo.

Foto do escritor: Eduardo Machado HomemEduardo Machado Homem

Esses dias terminei de ler um romance de Machado de Assis e, entre muitas coisas que me chamaram atenção, eu me deparei com uma reflexão do narrador a respeito de uma personagem que diz mais ou menos assim: “Quando a forma é exagerada, falta-lhe conteúdo”.

Na história, o narrador falava da forma com que a viúva, uma personagem central, arrumava o túmulo do seu falecido marido. Eu acho incrível como alguns gênios, pensadores, filósofos e grandes escritores descrevem pensamentos de uma forma tão bela e sucinta que a maioria de nós consegue entender.

O máximo da sofisticação é a simplicidade.
Leonardo da Vinci

Essa passagem me despertou para uma preocupação constante que eu tenho em relação ao trabalho e à vida em todos os seus aspectos: ser simples e objetivo. Isso não quer dizer que não me preocupe com a forma e nem é o que Machado de Assis sugere através da reflexão do narrador. O problema está na preocupação exacerbada com a forma para encobrir a ausência de conteúdo ou um conteúdo raso.

Abordagens simples são efetivas e raras.

Dentro do mundo corporativo já ouvi algumas reflexões parecidas, mas bem menos vistosas. Certa vez, em uma reunião preparatória para a visita de um diretor da organização em que eu trabalhava, nosso líder sênior nos orientou a fazer uma apresentação sobre nossos projetos com “menos powerpoint e mais excel”. Foi a maneira dele dizer que deveríamos nos preocupar menos com a forma e mais com o conteúdo, ou seja, os resultados.

Em uma outra ocasião, após uma auditoria corporativa de segurança e meio ambiente, os auditores fizeram uma reunião de fechamento com a liderança da unidade em que eu trabalhava e um dos feedbacks que nós recebemos foi que as ferramentas de análise de risco de tarefa e permissão de trabalho serviam mais para gerentes e supervisores fiscalizarem as atividades do que para a operação usar como informação de prevenção de riscos.

A análise de risco serve à operação. Não aos líderes.

A crítica, na realidade, não era sobre a formatação dos formulários, mas sobre como o processo de liberação de tarefas era realizado. Ao abordar as equipes em suas atividades, as primeiras coisas que gerentes e supervisores pediam eram os formulários de análise de risco de tarefa e permissão de trabalho. Geralmente, esses papéis estavam rigorosamente preenchidos, limpos e guardados dentro de plásticos. Além disso, era um excesso de papel que não guardava relação com a complexidade das tarefas, ou seja, tarefas simples eram liberadas em função de formulários de mais de 10 páginas.

Ser simples e efetivo implica em quebrar paradigmas.

A mudança que tivemos que fazer no processo de liberação de tarefas envolveu a quebra de paradigmas. Passamos a abordar primeiro as pessoas sobre as etapas da tarefa, sobre os riscos e sobre as formas de controlá-los para prevenir que as pessoas se machucassem. Depois de conversar bastante com os executores, dedicávamos 2 ou 3 minutos para avaliar se os formulários estavam corretamente preenchidos.

Primeiro, os riscos. Depois, o papel.

Finalmente, entendemos que quando os executores sabem explicar bem suas tarefas, seus riscos e controles, mas o preenchimento dos formulários têm erros de preenchimento ou de assinaturas, o problema é pequeno e fácil de resolver. Entretanto, se os formulários estiverem impecáveis, mas os executores não souberem falar com domínio do fato sobre o que estão fazendo e os riscos envolvidos, o problema será gigantesco.

Primeiro, as pessoas. Sempre!

Em relação à liberação das atividades, estávamos mais preocupados com a forma do que com o conteúdo. Passamos, então, a cuidar muito mais do conteúdo e mantivemos a forma do jeito que estava. A partir desse momento, as equipes perceberam que a nossa preocupação era com a integridade física deles e não com os formulários.

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