Eu estava participando de uma reunião do Comitê de Segurança com a diretoria e gerência da organização em que trabalhava.
Nós estávamos iniciando um projeto de desenvolvimento dessa liderança em conhecimentos, competências e habilidades próprias da gestão de segurança, portanto, o nível de maturidade em torno do tema segurança era bastante diferente dentro daquele grupo, ou seja, havia aquele gestor bastante engajado e conhecedor de seu papel e responsabilidades como líder em segurança e outros que ainda não haviam entendido plenamente.
As diversas áreas operacionais dessa organização tinham níveis de risco maiores e menores e isso, de certa forma, direcionava a prioridade de atuação da diretoria em relação à cobrança por resultados em segurança.
Em um determinado momento em que discutíamos a priorização de investimentos sobre NR12 nas áreas, o gerente de uma das áreas, que chamarei de Romualdo, solta o seguinte comentário: “Como minha área tem um nível de risco mais normal, acho que poderíamos priorizar outras áreas ao invés da minha”.
Isso foi o suficiente para um outro gerente operacional fazer uma série de questionamentos que colocavam em dúvida o entendimento do gerente Romualdo que havia feito tal comentário: “Não há risco normal”, “Devemos considerar todos os riscos”, “Precisamos pensar na segurança de todas as áreas” e assim por diante.
Foi nítido que o Romualdo, gerente que comentou sobre existirem “riscos normais” em sua área, ficou extremamente desconfortável. Se pudesse, ele sumiria em um buraco que se abriria sob seus pés. Um fato importante a ser considerado é que este gerente era um daqueles que estavam começando a se envolver mais no processo de gestão de segurança e, por causa disso, usávamos qualquer oportunidade para valorizar as ações dele em prol da integridade dos seus liderados.
Neste momento, antes de eu pensar em socorrê-lo dessa situação, a diretora de operações o resgatou. Algumas heroínas não vestem capas.
Essa diretora de operações disse algo parecido com o seguinte: “Estamos todos numa jornada de desenvolvimento pessoal e de nossas equipes para alavancar a cultura de segurança, por isso, nem todos possuem o mesmo nível de compreensão de conceitos e vocabulários adequados para falar de segurança. Romualdo tem apresentado um constante amadurecimento sobre a gestão de segurança em sua área e o que ele quis dizer é que sua área não deve ser a prioridade dos investimentos porque seus riscos potenciais de acidentes são menores e os controles são efetivos. Isso não quer dizer que investiremos na área de Romualdo, mas a área dele não será a prioridade”.
O ambiente do Comitê de Segurança em que os gerentes devem se sentir confortáveis para serem autênticos foi restabelecido para que todos pudessem expressar ideias e opiniões sem o receio de julgamentos ou “cancelamentos”, como está na moda nas redes sociais.
O aprendizado para todos foi que no Comitê de Segurança todos podem ter muito a dizer, mesmo que não saibam como ou com quais palavras se expressar melhor. Portanto, acolha a opinião de todos e procure entender o que está por trás daquela fala despretensiosa. #segurançadotrabalho #liderança #culturadesegurança #comportamentoseguro
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