O FAP é um mecanismo para aumentar ou diminuir as alíquotas de contribuição das empresas ao seguro de acidente de trabalho (SAT), dependendo do grau de risco de cada uma delas. As alíquotas do SAT (Seguro de Acidente de Trabalho) podem ser de 1%, 2% ou 3% e os fatores de multiplicação pode variar de 0,5 a 2.
Um exemplo: se uma organização de um ramo de atividade com alíquota de SAT de 3% apresentar os menores indicadores de risco de acidentes em função do seu desempenho na gestão de segurança do trabalho, ela poderá ter um FAP de 0,5. Multiplicando 0,5 por 3%, chegamos a 1,5%, ou seja, a contribuição do SAT sobre a folha de salário da organização passa de 3% para 1,5%. Agora vamos imaginar uma empresa com 500 empregados e um salário médio de R$2.000,00. A folha salarial anual dessa empresa é de:
R$13.000.000,00.
Para essa folha salarial, a contribuição seria, originalmente, de 3%, isto é:
R$ 390.000,00.
Reduzindo a contribuição para 1,5% em função do FAP, a contribuição passaria a ser de:
R$ 195.000,00.
Logo, a redução em função do FAP foi de R$195.000,00 (390mil menos 195mil).
Extrapolando um pouco a nosso raciocínio e considerando que o custo de “impostos” sobre a folha de salário pode chegar a 80%, essa organização tem um custo com empregados da ordem de:
R$ 23.400.000,00.
Imaginando que, em geral, esse custo salarial equivale a 20% do faturamento de uma organização, podemos estimar a receita desta organização para algo em torno de:
R$ 117.000.000,00.
Apesar de 195 mil reais ser um valor razoável, a redução percentual sobre o faturamento será de apenas 0,17% (195mil ÷117milhões).
A redução de 195 mil reais que calculamos anteriormente equivale ao custo anual de 8 empregados. Ou seja, o gerente industrial pode conseguir essa mesma redução demitindo 8 empregados, sem fazer grandes esforços.
Para a redução do FAP, a organização precisará dedicar esforços e recursos por anos para implementar um sistema de gestão de segurança do trabalho até que consiga reduzir acidentes de maneira significativa.
O ganho tangencial que uma boa gestão de segurança oferece à produtividade ou à redução de perdas é impossível de ser estimado. Na minha vida profissional, nunca vi um estudo confiável. Os custos com afastamentos, tratamentos médicos não são significativos, ou seja, um gestor mediano não entenderá como importante para o negócio reduzir acidentes para reduzir esses custos.
O objetivo não é desmotivar, mas mostrar para profissionais da área de segurança do trabalho que o discurso em torno do VALOR pela vida não deve ser abandonado, nunca.
Dirigentes de organizações de primeira linha já aprenderam que indicadores financeiros como ROI, Custo de Capital (WACC) e taxa de crescimento (g) convivem harmoniosamente e sinergicamente com indicadores de gestão sustentável como taxa de frequência de acidentes e redução de consumo de água. Esses mesmos gestores já perceberam que a evolução da gestão de segurança favorece a produtividade e a redução de perdas. É uma questão de estratégia e diferencial competitivo.
O grande diferencial no convencimento de gestores está em mostrar a grama do vizinho, ou seja, mostrar resultados de organizações que são benchmarking em gestão de segurança.
Nos últimos dias, muitos líderes também perceberam que investir na gestão de segurança é uma boa forma de manter-se fora da cadeia.