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A dificuldade de tratar acidentes leves como tropeções, escorregões e quedas.

Foto do escritor: Eduardo Machado HomemEduardo Machado Homem

Em geral, acidentes leves, tropeções, quedas e escorregões são associados à causas como desatenção dos empregados e fatores pessoais diversos. Para tratar essas causas muitos tendem a buscar alternativas para “entrar na cabeça do empregado” com o objetivo de melhorar sua percepção de risco. Ações superficiais e inócuas aparecem quando não entendemos o problema.


No caso de profissionais adultos e responsáveis, associar causas desses acidentes à fatores psicológicos como sendo os fatores mais relevantes é sempre uma forma de culpabilização da vítima.


Quando os grandes projetos para desenvolvimento de líderes e da gestão de SSMA/EHS são realizados, aquelas áreas menos expressivas, como as administrativas e laboratórios, recebem menos atenção e recursos. Afinal, os riscos que comprometem as taxas de acidentes estão em outras áreas mais importantes para os resultados da organização. Isso é comum e acontece na quase totalidade das empresas. Quando a grama alta é cortada, as ervas daninhas e gramas mais baixas aparecem, ou seja, acidentes de baixo potencial começam a aparecer com maior relevância nessas áreas. Os tropeções, quedas e acidentes leves começam a pesar nas taxas de acidente.


Dentro de um ambiente fabril, o cuidado com detalhes é importantíssimo. O piso liso, antiderrapante e sem desníveis, por menores que sejam, deve ser colocado como uma prioridade. A iluminação em passagem de pessoas deve ser tratada à exaustão. Escadas devem ser dimensionadas conforme normas técnicas. A inclinação da escada, a altura e a largura dos degraus não foram estabelecidas em função de um capricho técnico. As dimensões corretas estão associadas com o tamanho das nossas passadas e o nível de fadiga na subida e descida. Aquelas escadas que nos cansam em demasia são mais suscetíveis a terem maior incidência de quedas e tropeções. A largura das passagens, portas e corredores deve ser de pelo menos 75 cm.


Relato essas condições físicas por um motivo muito simples. Nosso cérebro não foi projetado ao longo de milhares de anos de evolução para direcionar sua atenção consciente e alerta a dois ou mais focos simultaneamente, ou seja, fazemos uma coisa por vez. Quem diz que faz mais de uma coisa ao mesmo tempo é porque, talvez, tenha uma habilidade superior de variar o foco dessa atenção com mais rapidez, dando a impressão de focar a atenção em mais de um tema ao mesmo tempo.


Logo, se você tiver que focar sua atenção aos desníveis do piso, à pouca iluminação, às larguras estreitas de passagens e degraus irregulares ao mesmo tempo em que deve se manter alerta aos riscos e demandas da atividade, qual será sua prioridade? A atividade, com certeza. Não conseguimos nos concentrar em todos os riscos e, por isso, alguns movimentos de mãos e pernas serão automatizados na execução da tarefa. Está no nosso DNA.


O Metrô de São Paulo não consegue resolver a situação do vão entre o trem e a plataforma de algumas estações e o que existe é uma mensagem toda vez que o trem para na plataforma: “Cuidado com o vão entre o trem e a plataforma”. Ainda assim, pessoas continuam caindo e se machucando. Se campanhas de comunicação ou treinamentos com enfoque “psicológico” forem as alternativas consideradas, saiba que o resultado será limitado.


Eduardo Machado Homem.


 
 
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