O cenário que gostaria de analisar é o seguinte: um incidente de alto potencial acontece, a lesão real foi mínima e, portanto, configurou-se um acidente leve de alto potencial. Na investigação, foi revelado que a vítima tinha pouca experiência na tarefa e não deveria ter usado o equipamento sem supervisão do responsável. A ação mitigadora foi proibir a subida de pessoas inexperientes no equipamento e a instalação de placa com tal informação. Na análise, percebe-se que algumas proteções para evitar que o acidente acontecesse, conforme demandam a legislação e normas técnicas, não estavam instaladas. A direção da empresa entende que as proteções não devem ser instaladas porque a vítima não poderia ter subido no equipamento sem a devida autorização, além da proteção também prejudicar a finalidade do equipamento. Ou seja, se a vítima não estivesse sobre o equipamento, o acidente não teria acontecido. Outros funcionários de maior experiência no equipamento continuarão subindo, mesmo sem a proteção exigida.
Eu já imagino, nesse momento, muitos dizendo que tal empresa não tem a segurança e a vida dos seus empregados como um Valor, que os líderes não são comprometidos e assim por diante. Isso acontece porque ainda é a realidade de muitas empresas, algumas já perceberam que precisam evoluir e estão se esforçando para que isso aconteça.
Para aquelas empresas que ainda não perceberam isso, temos que colocar uma moeda no cofre todo dia, ou seja, temos que fazer um trabalho de persistência. Todo dia falar sobre o assunto com os líderes, pessoalmente e virtualmente. Isso ajudará na formação de massa crítica. Obviamente, imagino que já exista um sistema de gestão robusto ou em implementação, pelo menos com práticas de gestão de risco e epi.
Perceba que falo de persistência e não insistência. A diferença é a seguinte: o persistente é visto como alguém que agrega e o insistente como “chato”. O insistente não é ouvido, é suportado. Até que alguém o elimina do contexto.
O relato acima é real, ou seja, aconteceu de fato. Mas não em uma indústria, aconteceu em uma escola. O equipamento é um brinquedo (playground) e a proteção são guarda-corpos. Enfim, perceba que o problema é cultural, vem da base da formação dos trabalhadores e dos líderes.
Se você acha que a grama do vizinho é mais verde, que outra empresa tratará os assuntos de SSMA de forma mais efetiva do que a sua atual, a probabilidade de você ir para uma organização exatamente como a que você está agora é muito grande. Você pode fazer parte da mudança. Faça sua escolha.
Às vezes, você terá a impressão que estará pregando no deserto. Persista, não desista! Os líderes estarão ouvindo.
Abraços,
Eduardo Machado Homem.