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O Paradigma da Tolerência Zero

Foto do escritor: Eduardo Machado HomemEduardo Machado Homem

Eu acredito que a base de um programa de gestão de SSMA está na disciplina operacional e a busca deve estar fundamentada na educação, informação, reconhecimento e responsabilização. As organizações que possuem esse mesmo conceito no gerenciamento de riscos apresentam os melhores resultados em taxas de acidentes.

Na década de 1980, a Teoria das Janelas Quebradas estabeleceu o termo “tolerância zero” e muitas empresas ainda tentam formar uma cultura de disciplina tendo esse conceito como base, isto é, tentam estabelecer um alto nível de disciplina operacional através da intransigência com qualquer tipo de desvio.


Outra referência muito comum à tolerância zero está na política de segurança pública institucionalizada no século XX (1990) na cidade de Nova York, EUA. Associa-se a queda na criminalidade da cidade à prisão e repressão de crimes de menor gravidade. Ao mesmo tempo, o mundo iniciava uma trajetória de crescimento que gerou progresso e empregos para milhões de pessoas. Este e outros fatores do contexto da época explicam a redução da criminalidade, segundo estudos e pesquisas de ONGs e Institutos de Pesquisa renomados. Ou seja, cientificamente e estatisticamente, não há relação direta entre a redução da criminalidade e a política de tolerância zero.


Na mesma época da política de tolerância zero da cidade de Nova York, sabemos que a grande tolerância com práticas fiscais questionáveis e caracterizadas como crimes de colarinho branco (“white collar crimes”) produziu um dos piores resultados para a economia global e foi responsável por destruir mecanismos que reduziram a criminalidade nos EUA.

Inspiradas em experiências como a da cidade de Nova York, tentou-se nas organizações, e ainda tenta-se, estimular a tolerância zero como uma forma de gestão de pessoas. É comum que isso leve a redução de reportes de atos fora do padrão e ao corporativismo para prevenir punições de grupos. Sem falar da cultura do medo e da gestão por advertências.


Estabelecer um ambiente com disciplina passa por educação, informação, treinamento, monitoramento e implementação de padrões possíveis de serem executados. Estabelecer uma política de consequências em um ambiente que falta tudo isso, ou que tudo isso existe sem efetividade, leva a um pacto da hipocrisia: “eu finjo que estou gerenciando, você finge que está respeitando”.


O resultado é o que podemos encontrar em muitas organizações: taxas de frequência de acidentes estagnadas e fatalidades acontecendo.


Exerça a simplicidade, faça segurança. Implemente uma boa gestão de risco e desenvolva seus líderes para a gestão de segurança e meio ambiente.


Um abraço,


Eduardo Machado Homem.


 
 
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