Um pouco dos dois. A indústria dedica esforços para obter operações mais sustentáveis, apesar de ainda existirem empresas que insistem em caminhar no sentido contrário. Se uma empresa se move em direção à sustentabilidade, alguma razão que a beneficie foi identificada.
Sendo pontual em um caso recente, pesquisei o preço das ações da Vale e da BHP antes, durante e depois do acidente ocorrido em Mariana/MG. Em relação à Vale, o preço da ação caiu bastante nos dias seguintes e continuaram caindo até a metade do preço do dia do acidente. Mas depois se recuperou e o preço da ação de hoje é quase igual ao do dia do acidente. Quem comprou na baixa e vendeu na alta ganhou dinheiro. É triste, mas alguns especuladores ganharam com o acidente. Nesse caso, podemos dizer que a Vale foi usada por especuladores e isso não é bom. Não entendam nenhuma teoria da conspiração nesse parágrafo. São apenas fatos.
A BHP, por outro lado, só perdeu. Desde o acidente, as ações da BHP só apresentam tendência de queda. No entanto, essa tendência se observa há mais de 1 ano e não podemos atribuir apenas ao acidente de Mariana/MG.
Além de tudo isso, há diversas outras consequências possíveis. O custo da recuperação é astronômico, as empresas podem perder o direito de exploração de algumas minas, os dirigentes envolvidos podem ser processados, a reputação da empresa se esvai, ocorre perda de produtividade devido adiamento de investimentos e a relação com órgãos ambientais e sociedade civil é muito prejudicada, ou seja, o discurso da empresa cidadã e responsável é esvaziado. Poderíamos usar um artigo inteiro para falar dos prejuízos.
Agora, fica o seguinte: se o capital da empresa é investido em manutenção e melhorias, bons profissionais são contratados em número suficiente, a gestão de risco é eficiente e eficaz, padrões e procedimentos são seguidos à risca e as auditorias acontecem, um acidente como o de Mariana/MG não ocorre. Uma ou mais dessas iniciativas falharam. E a decisão por fazer bem feito, fazer mal feito ou não fazer é sempre das pessoas, dos líderes. Ser líder tem bônus, mas também tem ônus. Decidir por fazer o certo pode custar o seu emprego ou, em empresas sérias, pode lhe promover, mas não pode custar a vida de outras pessoas. Ou pelo menos, não deveria.
Finalizando, acredito que no início a visão do acionista é essencial para a busca da sustentabilidade. Depois, são apenas negócios.
Um abraço,
Eduardo Machado Homem.